Entre os dias 26 a 30 de junho, recebemos, com o coração pleno de gratidão, a visita do professor Shomali e sua comitiva à Mariápolis Ginetta. Foram dias de experiência rica de fraternidade.
Grande amigo do Movimento dos Focolares, Dr. Shomali possui uma longa caminhada no âmbito do Diálogo Inter-religioso. Há anos decidiu tomar para si o trabalho pela unidade como sua missão mais proeminente e não mede esforços para promover o entendimento e a união por onde quer que passe.
De fato, durante um dos encontros na Mariápolis Ginetta, dizia com franqueza de coração que se Deus lhe pedisse para ir a um outro planeta trabalhar pela unidade, pois para lá iria.
A delegação de amigos muçulmanos composta por pessoas do Canadá, Argentina, Europa e dos Estados Unidos veio ao Brasil para conhecer a Mariápolis Ginetta, realizando por aqui alguns encontros importantes no âmbito do diálogo cristão-muçulmano.
Alguns dos eventos e atividades que aconteceram naqueles dias foram:
Visita ao Centro Mariápolis Ginetta - incluindo a mostra do Centenário de Chiara Lubich e a de Ginetta Calliari.
Participação na Santa Missa celebrada por Dom Biasin no dia 26/06
Seminário Cristão-Mulçumano (Comunidade Xiita) no dia 27/06 (manhã e tarde)
Encontro com os habitantes da Mariápolis Ginetta – 27/06 (noite)
Visita à Casa da Reconciliação em São Paulo – 28/06
Visita aos projetos sociais mantidos pela SMFocolari (Centro Social Jardim Margarida e Casa da Acolhida Recomeçar) - 29/06
Visita à Espiga Dourada - 29/06
Dia 29: dedicado às visitas aos projetos sociais
No Centro Social Jardim Margarida Dr. Shomali e sua comitiva tiveram uma recepção muito bonita, preparada pela equipe: primeiro, apresentação da equipe e do grupo de visitantes. Logo após, Sérgio Previdi, Diretor Executivo da SMFocolari apresentou o trabalho da Instituição como sendo o braço social do Movimento dos Focolares, por eles já conhecido. Nesta partilha de história dos inícios da SMF e dos valores que movem a entidade, tiveram particular relevo as experiências de vida: verdadeiros testemunhos de que a fraternidade abate todos os tipos de fronteiras.
Enquanto se contava sobre como a Instituição se desenvolveu e cresceu em base às necessidades que iam se apresentando ao longo dos anos, se percebia no olhar e semblante de nossos convidados o quanto viviam e entendiam estas situações, entendiam com o coração.
Depois, fizeram um “tour do Centro” e por ser um dia comum de atividades, puderam conversar um pouco mais com a equipe e interagir com as crianças. Em meio à alegria dos jogos e de poder estar com visitas que vieram de tão longe, um menino se aproxima das nossas duas amigas muçulmanas e lhes oferece uma florzinha: uma cena inesquecível e significativa que representava amor, acolhida, entendimento.
Roseli Pimentel, orientadora educacional comentava a respeito deste dia:
"A visita de Dr. Shomali ao projeto foi importante e profunda! A apresentação do Projeto com esta " caixa de ressonância” ...deu um timbre todo novo na nossa mesma forma de existir e estar tratando com a promoção social. A presença do Dr. Shomali, me abriu o coração para acreditar na fraternidade olhando desde a perspectiva muçulmana. Entendi que, se queremos viver pela fraternidade promovendo a dignidade do outro devemos dar espaço para o "outro”. Muitas vezes ouvimos falar sobre isso, mas pudemos experimentar o quanto a verdadeira acolhida nos fez descobrir nuanças do Carisma da Unidade de forma potente!”
Sérgio Previdi – Diretor Executivo – SMFocolari dizia:
“A visita do muçulmano Dr. Shomali e delegação aos projetos sociais da SMFocolari, causou em mim, uma grande reflexão. Durante a visita Dr. Shomali fazia a seguinte comparação: estamos juntos no mesmo navio, mesmo que em compartimentos diferentes, mas na mesma direção: a fraternidade universal. Acrescentou ainda que existem forças que desejam furar este navio, para que a meta não seja atingida. Daí a importância de trabalhar juntos encorajando-nos uns aos outros.
Ao ver o Dr. Shomali e sua comitiva ouvindo atentamente nossos funcionários, nossas crianças e nossos acolhidos adultos, pude perceber a concretização do amor recíproco, traduzido em gestos como brincar com as crianças ou se emocionar com as histórias dos assistidos. Nas conversas, nas visitas aos projetos e nas palavras destes nossos amigos muçulmanos, havia uma atmosfera Divina. Em todos os momentos se procurava colocar em evidência os pontos que nos unem, como o amor mútuo, a colaboração, a redução das desigualdades sociais e sobretudo a presença de Deus, como Pai de toda humanidade. A frase: “A fraternidade é a face humana do amor de Deus”[1], tornou-se ainda mais forte nos nossos corações”.
Dr. Shomali assim como todo o grupo, gostaria certamente de poder ficar mais tempo em cada lugar para adentrar e possuir cada detalhe de tanta experiência. Mas o tempo já se fazia escasso...e cada encontro requer tempo e atenção.
Logo, uma parada para conhecer a padaria Espiga Dourada: outro momento forte onde se percebia de modo tangível a ação de Deus. Um plano que se desenvolveu nos anos 80 com "as meninas do pão", como eram chamadas (jovens provenientes de vários estados do Brasil, que vinham à Mariápolis para passar um período de formação no âmbito do Movimento dos Focolares) e que vendiam o pão na beira da estrada.
Com o passar do tempo e com a ajuda concreta de vários colaboradores - como não mencionar por exemplo o amigo Paulo Lo Schiavo (falecido vítima de Covid) - a Espiga Dourada cresceu e tornou-se para muitos uma "parada obrigatória". Nesta caminhada muitas pessoas desejaram saber mais sobre o trabalho da panificadora, que atua como associação sem fins lucrativos promovendo cursos e participando de parcerias que visam a promoção da pessoa, especialmente do(a) jovem da região.
Adriana Valle, que iniciou a atividade com o primeiro grupo de jovens, comenta que a visita do Dr. Shomali foi muito importante para todos e ressalta:
"É sempre uma forte experiência contar sobre o trabalho de Deus a respeito da Espiga Dourada, de como tudo aconteceu e se desenvolveu, também a partir da grande fé de Ginetta Calliari (focolarina dos primeiros tempos e cofundadora da Mariápolis que hoje leva seu nome). Os vários relatos que ilustram a história da Espiga Dourada tocaram profundamente o coração das nossas visitas. Percebemos que onde quer que se manifeste um trabalho, uma ação de Deus, eles colhem, apreciam e permanecem de bom grado. Respondemos às suas perguntas e interagimos como irmãos".
Finalmente, ainda antes do horário do almoço, nos dirigimos à Casa de Acolhida Recomeçar (para PSR’s – Pessoas em Situação de Rua) em Vargem Grande Paulista. Ali Maria José e Vanessa Melo (Assistentes Sociais e Coordenadoras da Casa) aguardavam as visitas juntamente com alguns acolhidos. Após uma breve apresentação sobre a história e propósito da Casa, feita por Maria José e por Vanessa, deu-se um momento de apresentações muito espontâneo ali mesmo no pátio de entrada.
Ao final Dr. Shomali assegurando suas orações, dizia a Maria José que pediria muita sabedoria e luz para que possa guiar esta atividade, da qual dependem tantas pessoas.
Sobre este momento, Maria José - Assistente Social da Casa da Acolhida Recomeçar, escreve: “Foi um momento de muita alegria recebê-los na Casa de Acolhida Recomeçar. Nos ouviam com muita atenção e faziam perguntas. A comunidade xiita sempre me pareceu distante, por só ouvir falar deles em países distantes. Mas, o Ideal da Unidade nos aproxima. Dr. Shomali entendeu o Carisma da Unidade de Chiara Lubich e deseja que todos os que o acompanham também o conheçam e o vivam."
E Vanessa Melo também Assistente Social da Casa da Acolhida Recomeçar, comentava: “Receber o grupo de amigos muçulmanos na Casa de Acolhida nos fez compreender que a religião não pode ser motivo de desunião entre os povos e as culturas, mas sim de união. Também conseguimos compreender que o Movimento dos Focolares possui uma dimensão muito grande que rompe barreiras e Chiara Lubich sempre viveu esse diálogo Inter-religioso”.
Por esta enriquecedora experiência de fraternidade, somos infinitamente gratos ao Dr. Shomali e sua delegação. Desejamos êxito para as suas atividades, aguardando quando for possível o retorno do grupo a terras brasileiras.
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[1]Paulo apóstolo: um trabalhador que anuncia o evangelho. Carlos Mesters. São Paulo: Paulus, 1991, p. 123
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