Precisamos de perdão.
Mesmo sabendo que o perdão é o caminho para a felicidade, a nossa capacidade de perdão é sempre limitada, superficial, condicionada. Todavia, somos conscientes de que precisamos perdoar e ser perdoados.
Cada ato de perdão é uma escolha livre e consciente, que deve sempre ser renovada com humildade e coração generoso. Nunca se torna um hábito; é uma conquista exigente, fruto da descoberta de que somos todos irmãos e irmãs.
Quantas vezes as pessoas com quem vivemos – na família, no bairro, no trabalho ou na escola – podem ter-nos magoado e sentimos dificuldade em retomar um relacionamento positivo.
O que fazer? Levantemo-nos de manhã com uma “anistia” completa no coração, com aquele amor que cobre tudo, que sabe acolher o outro assim como ele é, com suas limitações, suas dificuldades, tal como faz a mãe quando o filho erra: sempre desculpa, sempre perdoa, sempre espera nele.
Vamos ao encontro de cada pessoa vendo-a com olhos novos, como se ela nunca tivesse caído naqueles erros. Recomecemos toda vez, não só perdoando, mas esquecendo: é essa a medida. É uma meta alta, à qual podemos nos encaminhar com a perspectiva do "nós", da fraternidade: eu penso não só em mim, mas também nos outros.
Minha capacidade de perdão é sustentada pelo amor dos outros e, por outro lado, meu amor pode de alguma forma sentir o erro de meu irmão como se fosse meu: talvez seja algo que também depende de mim, talvez eu não tenha feito toda a minha parte para que ele se sentisse acolhido, compreendido...
Em uma cidade caracterizada por um contexto social complexo, dois grupos de pessoas sinceramente interessadas ao bem comum vivem uma experiência intensa de diálogo, o que exige a superação de algumas dificuldades que, inicialmente, parecem insuperáveis. O primeiro contato foi de desconfiança e por parte do grupo anfitrião parece evidente que não viam este encontro com bons olhos.
O amor oferecido ao compartilhar o alimento trazido para a ocasião ajuda a quebrar o gelo, mas, apesar disso, alguns começam a apontar as falhas que veem na outra associação. Não querendo entrar numa guerra verbal, as “novas pessoas” dizem: qual desses defeitos ou diferenças pode nos impedir de nos querermos bem?
Este era, de fato, um valor presente nos dois grupos. Essa pergunta foi o ponto de mudança para começar a falar sobre o que os unia e no final daquele primeiro encontro eles se despediram com a promessa mútua de se encontrar novamente e ampliar seu círculo de amigos. E a amizade continua até hoje.
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Baseada em textos de Letizia Magri, surgiu no Uruguai no contexto do diálogo com pessoas de diversas convicções religiosas e não religiosas cujo lema é “construindo diálogo”.
O objetivo desta publicação é o de contribuir para promover o ideal da fraternidade universal. Atualmente A IDEIA DO MÊS é traduzida em doze idiomas e distribuída em mais de 25 países.
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